quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Igrejas cheias,crentes vazios

Triste, lamentável, insuportável! É o que sinto em relação à situação da maioria das igrejas de hoje.
Grandes instituições que se envaidecem com o crescimento numérico, mas que não enxergam sua real situação. Nos púlpitos, líderes que se autodenominam "Apóstolos", "Bispos", "sacerdotes". E na multidão, pessoas seduzidas pelas falsas promessas de prosperidade, grandeza e poder.
O véu do templo foi rasgado, porém, os camaradas insistem em recosturá-lo, pior ainda, constroem "Templos" e dizem: "Esta é a casa de Deus, fora dela não há salvação", esquecendo-se que Deus fez do homem Seu tabernáculo através de Jesus Cristo.
Não apascentam as ovelhas de Cristo, não pregam o Evangelho do Senhor, mas criam técnicas de manipulação, querem "crescer" em números, querem a glória para si, fama, ibope. "Aqui é a última porta", "ninguém faz mais milagres que EU!" Falam de si como se fossem deuses.
Poder é o que pregam. estão obcecados pelo tal "PODER". "Vocês pedir mais poder"! (Mas é exatamente o "poder" que está levando muitos à ruína).

A palavra chave é: "Sobrenatural".

"Hoje vamos trazer o céu até aqui"! (Ué, não é mais a "Igreja" que vai para o céu?). Loucos, lobos devoradores é o que são. E os analfabetos de bíblia dizem "amém" para tudo o que eles dizem, parecem até aquelas lagartixas que a cabeça balança à toa.
Os cultos são "alegres", "avivados", cheios de festa. Danças, palmas, gritos, gemidos.Há todo tipo de bizarrice e estupidez. Onde está o Evangelho? Onde está Jesus Cristo em suas músicas egocêntricas e chantagistas?

O "tal" Novo Testamento já não é mais lido. Aliás, pra quê? É tão sem graça, não tem atos proféticos, nem profecias ou promessas de triunfo e vida regalada. Como mitômanos vivem cegamente a sua historinha que só é verdade para eles. E, cheios de "poder", "profetizam" e "declaram" :"Somos, temos, podemos".

Se parassem por um instante para ler o Evangelho de Jesus Cristo, se calassem suas bocas tagarelas por um minuto ouviriam o Senhor falar, então perceberiam que são muitos, milhares de "crentes", porém vazios.


E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;

Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.

Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Apocalipse 3;14-22


Qualquer semelhança não é mera coincidência.


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Márcia Gizella é mais uma voz protestante que solta o verbo nesta tribuna virtual chamada Púlpito Cristão

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Porque orar no monte.

O Dicionário Aurélio define superstição como um sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes; crendice; apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa".

Pois é, infelizmente alguns dos nossos irmãos em Cristo tem vivenciado uma fé absolutamente sincrética. Ao contrário do que deveria ser, inúmeros cristãos mostram-se extremamente superticiosos. Em nosso meio existem aqueles que deixam a Bíblia aberta no Salmo 91 para afastar desgraças; utilizam a expressão "Tá amarrado" para superar satanás; abrem a Bíblia aleatoriamente para receber uma orientação de Deus; utilizam elementos como galho de arruda, sal grosso e copo d'água ungida dentro de casa, além de subirem a montes acreditando que por orarem lá, Deus se manifestará de forma especial.

Tais pessoas movidas por um misticismo esquizofrênico vêem gravetos brilharem, anjos reluzentes, além de enxergarem no mato manifestações sobrenaturais de Deus.

Caro leitor, não precisamos subir a montes para falar com Deus nem tampouco para sentir sua santa presença. Em Cristo podemos orar e nos relacionarmos com o Pai no quarto, na rua, na igreja, na praia ou em qualquer outro lugar. O monte não é um lugar santo, nem tampouco um local escolhido por Deus para falar ao coração do povo. Afirmar que o Espírito de Deus age de forma especial em montes e montanhas significa desconhecer as verdades bíblicas.

Isto posto afirmo que cristãos supersticiosos estão fadados a uma vida cheia de neuroses e frustrações. Junta-se a isso o fato de que o cristão ao comportar-se desta forma aponta para uma absurda contradição, até porque as raízes históricas e teológicas do protestantismo sempre foram contra toda e qualquer manifestação supersticiosa.

Caro leitor nossa fé não se fundamenta em superstições ou achismos, mas sim na infalível Palavra de Deus. O evangelho está enraizado em fatos históricos, não em mitos ou impressões estereotipadas do que seja servir a Cristo.

Nesta perspectiva afirmo sem titubeios que não existem lugares especiais onde Deus possa falar com o crente. Do ponto de vista bíblico, em qualquer lugar podemos orar e buscar ao Senhor.

A Ele toda a glória!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Que Pregação é Esta.

Cada vez fica mais evidente a diferença entre aquilo que Cristo pregou e viveu, e aquilo que os seus discípulos pregam e vivem. Muitos “seguidores” de Cristo parecem ignorar diversos fatos da vida do Mestre, dando a clara impressão de servirem a outro Jesus, que não é o da Bíblia.

Vemos os “discipulos” da atualidade ensinando uma religião hedonista, onde Cristo não é o salvador da alma, e sim o salvador “da pele”. O objetivo principal dessa religião não é ser salvo ou agradar a Deus, mas desfrutar de todas as benesses de uma vida religiosa. Promete-se uma vida de abundante felicidade e isenta de enfermidade ou dor, um oceano cor-de-rosa! Não há nele qualquer menção ao sofrimento, afinal, os filhos de Deus não sofrem nunca, e jamais serão pobres: “Nosso Deus é o dono do ouro e da prata”[1], dizem, ignorando completamente que esse ouro é dele, e não nosso. A dissonancia desse Cristo triunfalista é obvia: Jesus nos chamou para servir a ele, e não para servir-se dele. Ele disse: “Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz, e siga-me”[2]. E no tocante ao seu reino, ele foi bastante sincero ao dizer que o seu “reino não é deste mundo”[3]. Aqueles que pregam um cristianismo hedonista dizem que ninguém jamais saiu triste da presença de Jesus, pois ele sempre correspondeu às expectativas dos seus seguidores. Eles ignoram o caso daquele jovem rico, que ao ter seu coração descoberto e sua avareza desvelada, se afastou de Jesus, e saiu triste [4]. Evangelho não são benesses temporais, mas uma vida atemporal, no céu. Não é satisfação para os nossos prazeres, e sim a mortificação da nossa carne. Aqueles que pensam que Jesus é um grande solucionador de problemas, um Silvio Santos gospel a jogar aviãozinhos de dinheiro para o auditório, estão muito equivocados. Os que assim procedem, definitivamente, não conhecem a Jesus.

Se por um lado há aqueles que pensam que Jesus é um Silvio Santos celestial, por outro há também quem pense que ele é um fariseu enfurecido cheio de raios nas mãos, pronto para dispará-los sobre as cabeças daqueles que tiverem qualquer comportamento não-religioso. O pior é que nesse exacerbado zelo, eles acabam optando por um ascetismo hipócrita, isolando-se das pessoas e vendo o mundo como um inimigo, e não como objeto do amor de Deus [5]. Estes se comportam como separatistas radicais, fazem violência a individualidade humana ao impor uma série de proibições absurdas, como “não toques, não proves, não manuseies” [6], e se esquecem que Jesus não foi um abitolado que se escondia das pessoas por medo de se contaminar: ele comia com os publicanos pecadores, participava de festas [7], e abriu seu ministério com um milagre sem igual: transformou 600 litros de água em vinho da melhor qualidade! Mas acontece que os neo-fariseus passam de largo por estes textos, preferindo uma fé míope e legalista, do que viver a plena liberdade que Cristo nos oferece. Para os tais, um Cristo que bebe vinho, come com pecadores e é amigo de prostitutas, definitivamente é carta fora do baralho. Aliás, a propria menção da palavra “baralho” é suficiente para provocar-lhes escandalo!

Olho para ambos grupos com uma profunda tristeza em meu coração, pois percebo que nenhum deles compreendeu ainda a essência do evangelho. Como é difícil a moderação! Qualquer que seja a época, a tendencia da igreja (instituição) é sempre polarizar: ou fundamentalista, fariseu e xiita, ou libertino, hedonista e leviano. O bom senso, velho árbitro da moralidade, está em falta na prateleira do mercado religioso. Contudo, o mais deprimente é ver que ambos grupos não conhecem a Jesus. Eles dizem conhecê-lo e até serví-lo, mas na verdade eles adoram um ídolo. Sim, um ídolo forjado por eles mesmos, uma divindade de Edom, feita sob medida para satisfazer suas concupiscências e prazeres mundanos. Ou um outro totalmente diferente, mas igualmente destrutivo, um divinade xiito-farisaica, produto de uma consciência culpada que deseja comprar o favor de Deus mediante sua pseudo-santificação; santificação esta que está muito mais relacionada ao corte de cabelo e com as vestimentas, do que com o caráter, pensamentos e atitudes de Cristo. Ambos pisam a graça divina, pois se o hedonista não pensa nas coisas espirituais e anela um céu na Terra, o legalista deseja até morar no céu, mas não está disposto a confiar na graça barata, na graça de graça: ele quer pagar o direito de piso. Simonista, ele espera comprar o Dom de Deus mediante a observância de certas práticas que, “apesar de parecerem sábias, uma verdadeira demonstração de humildade e disciplina, não tem nenhum valor para controlar as paixões que levam à imoralidade” [8].

Contrastando com o Jesus fariseu e com o Jesus libertino, está o Jesus bíblico. Olvidado e desprezado, já quase não figura nos púlpitos do nosso país. Cada vez mais me convenço de que o Brasil ainda é um campo missionário, pois apesar do assombroso crescimento dos cristãos evangélicos, apenas uma pequena parcela demonstra conhecer o Cristo da bíblia, o qual é “uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo”[9]. Muitos tropeçam, se escandalizam e caem, mas a Providência de Deus afirma: “Quem crer nele não será confundido”[10], e é por isso que, por mais que me apresentem um outro Cristo, e ainda que esse Cristo genérico faça chover milagres do céu, não abro mão das minhas convicções. Eu sei em quem tenho crido. Eu cri no Cristo. Jamais poderão me confundir!

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Notas: 1. Ag 2.8 / 2. Mc 8.34 / 3. Jo 18.36 / 4. Mt 19.22 / 5. Jo 3.16 / 6. Cl 2.21 / 7. Jo 2.1 / 8. Cl 2.23 / 9. Rm 9.33; 1Pe 2.8 / 10.
Por: Leonardo Gonçalves.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Este é o louvor que o Senhor deseja?

Se o Senhor deseja que o louvor seja oferecido em espírito e em verdade (João 4.24), por que tantos crentes acham necessário usar as mãos, os braços e movimentos corporais para “entrar no ritmo de adoração”? Por que esta insistência em obter uma dimensão física, a qualquer custo? Mas a Bíblia não dá base para levantarmos as mãos? Existem várias referências nos salmos e uma no Novo Testamento, mas estas referências não dizem respeito ao culto congregacional, conforme mostraremos, e são tiradas do contexto por ensinadores carismáticos. Não é possível que o Senhor exija o levantar as mãos em sua igreja, em contradição à sua regra “em espírito e em verdade”.

Por que Davi levantava a suas mãos, conforme relatamos nos salmos? O que significava sua atitude? Salmos 28.2 afirma: “Ouve-me as vozes súplices a ti clamar por socorro, quando erguer as mãos para o santuário”. Davi estava longe de Jerusalém, provavelmente fugindo de Absalão. Em sua vocação pessoal, Davi levantava suas mãos em direção ao lugar do sacrifício em Jerusalém. Ele fazia isso com o objetivo de se identificar com o sacrifício oferecido pelo sacerdote. Davi não podia estar presente, mas demonstrava sua identificação com a oferta. É importante lembrar que ele não teria feito isso, se estivesse em Jerusalém, visto que apenas o sacerdote oferecia sacrifício. Assim, a atitude de Davi era apenas um ato de identificação da parte de um homem ausente. Isso não era algo realizado habitualmente na adoração.

Em salmos 63.4, Davi disse: Em teu nome, levanto as mãos”. Nesta ocasião, ele estava no deserto de Judá e, novamente, sozinho, longe do lugar do sacrifício. Davi almejava estar no santuário; e isso é expresso no verso 2. No momento do sacrifício, ele levantou mais uma vez as mãos para identificar-se com a oferta da noite.

Em salmos 141.2, Davi é bastante claro no que se refere ao assunto. Estando novamente longe do Tabernáculo, ele roga que sua oferta suba como incenso e: “Seja o erguer das minhas mãos como oferenda vespertina”.

Quando estava longe do Tabernáculo, era por meio desta atitude que Davi expressava sua unidade com o sacrifício vespertino. Sua atitude não era uma atividade congregacional, e sim um gesto pessoal que tinha um significado específico e limitado. A questão é: devemos fazer o mesmo? É claro que não, visto que os sacrifícios já se consumaram. Jesus Cristo cumpriu todas as leis e símbolos envolvidos nos sacrifícios; e o sacrifício vespertino não é mais oferecido. Esta é a razão porque não encontramos no Novo Testamento instruções a respeito de levantar literalmente as mãos durante o louvor. Levantar as mãos (da maneira como Davi fez) reavivaria o ritual envolvido nos sacrifícios, menosprezando o grande sacrifício oferecido uma vez por todas, a morte expiatória de Jesus Cristo.

Hoje, quando pessoas levantam as mãos, elas não fazem como Davi, para identificarem-se com o sacrifício. Elas fazem com um propósito completamente diferente, ou seja, obter um sentimento de “contato” com Deus. É um recurso físico para produzir sentimentos. Esse não era o propósito de Davi.

Três outros salmos mencionam o levantar as mãos, mas se referem a outras questões. Salmos 119.48 fala em levantar as mãos em obediência diária a Deus – tão somente como refere-se aos sacerdotes oferecendo literalmente o sacrifício. Salmos 143.6 descreve a Davi estendendo figurativamente (e não de modo literal) as mãos a Deus, como uma criança indefesa tenta alcançar sua mãe.

Quando Paulo (1Timóteo 2.8) exortou os crentes a orarem “levantando mãos santas”, ele sem dúvida falava em linguagem figurada. Oferecer a Deus “mãos puras” num sentido literal, como crianças que mostram aos pais que lavaram as mãos antes da refeição, seria um absurdo. As mãos representam nossos feitos, e Paulo quer dizer que devemos nos esforçar por santidade, antes de orarmos. A ilustração mais semelhante está em Salmos 24.3-4: “Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração.”

Levantar as mãos é apenas outro exemplo de atividade carismática fundamentada no uso superficial, e talvez ridículo, dos textos bíblicos. Do modo como é feito em nossos dias, levantar as mãos é um artifício humano sem base bíblica e tem o propósito de ajudar as pessoas a entrarem num estado quase místico de emoções estimuladas. Isto é feito em desafio ao princípio “em espírito e em verdade”. Portanto, em vez de promover o louvor ao Senhor, induz as pessoas ao emocionalismo auto-indulgente. Muitos crentes sinceros são mal orientados e aceitam essa prática como algo útil ao senso de comunhão, mas, na verdade, ela é um obstáculo, uma vez que encoraja o uso das emoções em nível humano, e não em um nível espiritual.


Fonte: Livro: "Louvor em Crise" (Perter Masters), resumo e adaptação para o blog: Rev. Ronaldo P Mendes, título original: “Por que levantar as mãos?” (Fonte: SOLUS CHRISTUS - http://somente-jesus.blogspot.com/)